terça-feira, 27 de janeiro de 2009

iluminado


Tsuru apenas caminhava, lentamente, arrastando-se e por muitas vezes caindo.
O horizonte não mostrava outra paisagem a não ser terrenos alagados, montes distantes e árvores se poucas folhas.


Merda!Não chegarei a lugar nenhum, nem sei em que posição devo estar, não tenho mais a menor paciência para pensar em construir nada! E essa perna, ai! Droga!! Quantas vezes mais cairei, estou cansado pai Saguian, não posso mais continuar, é uma busca sem direção, estou perdido, desirtirei!

Tsuru caído ao chão ao lado de sua muletas, ofegante e cansado, entrega-se a pensamentos de uma infinitude incomensurável, sua angustia caso fosse um grito, certamente poderia ser ouvido em sua vila, talvez assim alguém pudesse vir socorre-lo, ele desejava isso, que algo acontecesse, que alguém aparecesse, mas ele ali caído, parecia ser o único acontecimento entre tudo que o rodeava.

Porque fiz essa escolha? Nunca deveria ter saído de meu reino, morrerei aqui só e minha família sequer saberá disso, segundo as regras das travessias, não é permitido buscas de guerreiros que demoram a retornar, isso poderia custar vidas preciosas, tanto quanto a de quem resolveu iniciar sua busca. A minha era encontrar o ferreiro e forjar minha espada, mas isso agora me parece algo tão distante que mal posso conceber a importância disso agora.

Olhando para o céu anil e de poucas nuvens, seu corpo é banhado pelo sol braseiro, isso o descansa, tudo estava absolutamente parado, estático, sem nenhum som, até que, uma borboleta assenta-se na ponta do nariz de Tsuru, isso o intriga, isso o iluminaria.
Após algumas batidas de suas asas amarelas como a carne maciça de uma deliciosa manga, fruta ao qual nosso guerreiro tanto aprecia,aquele ser tão delicado e belo, parte sem aviso, tsuru voltou a lembrar de seu avô Shalman, e imediatamente lhe veio à mente um conto zen, curtinho, vindo das terras do oriente, e de grande sabedoria nele contida. Seu avô lhe havia narrado esse conto numa das preciosas noites frias da vila em torno da fogueira, era o conto da borboleta, assim ele ouviu dos lábios finos de seu avô Shalman:

Certa vez o mestre taoísta Chuang Tzu sonhou que era uma borboleta, voando alegremente aqui e ali. No sonho ele não tinha mais a mínima consciência de sua individualidade como pessoa. Ele era realmente uma borboleta. Repentinamente, ele acordou e descobriu-se deitado ali, um pessoa novamente.Mas então ele pensou para si mesmo:“Fui antes um homem que sonhava ser uma borboleta, ou sou agora uma borboleta que sonha em ser um homem?”

Tsuru alegrou-se naquele instante, ouviu esse conto ainda em sua tenra idade, quando ainda lhe afiguravam as coisas de menino, era agora um homem, iluminado pelo sol e pelo toque da borboleta, que o remeteu a algo que ele nunca havia compreendido direito, aquele conto para ele tinha apenas uma beleza singela e singular, sua simplicidade o alegrava, e ele agora o compreendera.


Aquele ser o havia iluminado.