Após quase dois sois e uma lua tentando novas formas de transcender o corpo, Tsuru é acordado por um ser de vestes cor de sangue, a pele como a própria noite e uma flecha a apertar sua garganta.
- Quem é você?
- Ahhrr!! O que é isso, de onde você veio? Grita Tsuru.
- Eu sou Amali, e fui enviado para encontrar e resgatar você.
_ Por favor, tire essa flecha de meu pescoço e lhe responderei o que quiser.
O ser recém chegado afasta a flecha afiada da garganta de Tsuru, que já estava a lhe provocando um corte.
- Eu sou Tsuru, guerreiro da Condado de Bahar ao Sul do Rio Palás, estou em missão.
- Que missão?
- Não posso lhe revelar no momento, mas vim em paz. Como sabia que eu estava aqui?
- Sou de uma tribo nômade a dois dias e meio daqui, somos o povo kamula e o xamã da tribo disse ter visto você em sonho, e que estaria machucado e precisando de ajuda.
_ Sim, funcionou, funcionou mesmo, achei que meus exercícios meditativos estavam errados.
Obrigado Saguian, mais uma prova de seu poder, mais um motivo para minha eterna devoção.
- Quem é Saguian? Pergunta o ser negro e distintamente belo em seu estado; pescoço circundado por colares e na cabeça guirlandas que pareciam ornadas com pedras e contas.
- Saguian é o todo criador do Universo, o desenhador do céu e da Terra. A força que surgiu do que não era visto, e construiu tudo o que ai existe, inclusive eu e você.
- Muito bem, bom saber disso, bom saber que crê em algo além de você mesmo, eu já ouvi falar do reino de onde vêm, e nem sempre obtive boas informações.
- O que sabe sobre nós? Intrigado, tsuru senta-se e olha profundamente os olhos de Amali.
- Não sabia que nos viam assim por ai. – Tsuru baixa a cabeça e parece acometido de uma singular surpresa, que o conduz a um suspiro profundo e um breve silêncio, que é interrompido de pronto por Amali.
- Eu quebrei a perna, não posso andar grandes distâncias.
- Não precisará andar grandes distâncias.
Amali traz nas costas uma sacola, dela ratira pequena uma gaiola, nela um passarinho espevitado se Põe a trinar ao banhar-se de luz do sol.
Tsuru ouviu essa frase como uma musica entoada pela flauta de uma fada.
Amali senta-se retira os pães e a carne seca da sacola e os dois se alimentam, colocam-se a conversar enquanto apreciam a partida do pequeno priuti agora liberto da gaiola.
Dois homes nas asas de um pássaro, a resposta cabia na palma da mão.
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