quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Calmaria


O sopro divino deixou meu veículo denso, devo estar morto, transitando entre universos paralelos antes de minha derradeira entrada nas moradas celestes de Saguian, a divina personalidade, o mestre supremo, a essência pura.

Há luz!

Sinto meus dedos

Algo dói em minha perna, a dor é em si inexistentes nos reinos superiores, creio que ainda estou vivo.

Abrindo as pálpebras levemente como uma borboleta em seu esforço para sair de seu casulo, Tsuru respira os primeiros raios da manhã pós tempestade, tudo agora é calmaria, até mesmo o vento é tão suave que parecem notas musicais de uma sinfonia cosmicamente doce e calma.Deitado, e tendo seu corpo semi mergulhado em água, Trsuru vê a imensidão do céu, não há mais altas árvores, move os braços e sente dores, sentando-se com muito esforço, leva uma das mãos ao tórax e demonstra mais dor em um gemido bruto, porém em baixo tom, e ainda assim era o único som a se ouvir naquele amanhecer. Senta-se, percebe que o lugar onde a enxurrada o levou é muito diferente da margem ode se instalara para iniciar sua travessia, é um charco, centenas de árvores sem folhas de raízes n´água a se perder de vistas, parecem veias de um corpo azul e imenso.
A água em que me encontro é salobra e de uma cor levemente amarronzada, boa para beber.
Não sei como ainda estou vivo, todo meu corpo dói e devo provavelmente estar com alguns ossos quebrados, Saguian deve realmente ter atendido meu pedido, em ti sou uno meu guia, e a ti serei fiel pelo resto de meus dias.

Observando ainda a paisagem e o sabor único daquilo que tem fôlego e louva a suprema criação, Tsuru irradia paz e fé. Está novamente em algum lugar que não sabe onde, perdeu todas as suas coisas na tempestade, todos os suprimentos e preparativos, as sementes guardades, os alimentos colhidos, as cotas de couro preparadas . Sentiu mesmo que tudo é mesmo imprevisível, ainda mais em se falando da natureza, que em certos momentos parece as dores que causamos a ela. Tsuru inicia um mantra, canta um hino que sua mãe o ensinou, dizia ela, que essa melodia entoada varias tem o poder de curar males. Ele não recorda que tipo de males, mas sabe que a dor é algo que lateja, por muitas vezes a mente, outras o corpo, e tantas outras a alma. Esperançar, revitalizar e abrandar as dores.

Tsuru canta.

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