segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A lama e o estado mudra

Assisti o alvorescer.

Um lençol de luz me cobriu a pele, prostei-me em reverência, fiz orações e entoei mantras íntimos.

Escrevi na areia escura versos de memória e sensatez.

A saudade seria sacrificada nas águas cor de chá.

Alimentei-me de pequenos crustáceos, todos crus; e me era ilário as cócegas das patas vivas em minha lingua, uma mistura de agonia e graça.

Vi pássaros pantaneiros cruzarem o céu, revoadas inteiras. Seus cantos me saldavam a gloria da criação.

Como era agradável estar ali sentado,
minha respiração estava calma e meu lingan rijo,
tudo em mim se aquecia,
um fogo de renovação, prazer e estado meditativo.

Sentia-me pleno, uno com o todo,
excitei-me com essa branda luz e agradavel calor.

Mudra

Mahamudra

meu corpo vibrando,
e quem me tocava era o universo.

Gozei a lava que recheia o interior de todas as estrelas do cosmo.

Deitei-me,

afundado na lama densa.

2 comentários:

kelen disse...

intenso, senti e ainda reverbera...

andreza disse...

"da lama ao Caos do caos a lama" Um miserê...